terça-feira, 21 de abril de 2009

Malabarismo-historia e efeitos terapeuticos
No Egipto existem umas inscrições funerárias que fazem referencia a prática dos malabares. Os arqueólogos datam estas inscrições de 2000 anos a.c.

Segundo as lendas, o malabarismo nasceu na ilha Malabar. Nela os jovens convertiam-se em homens numa cerimonia em que tinham que fazer jogos malabares.
O malabarismo também esta associado em geral com o mundo do circo.
Lamentavelmente, algumas pessoas relaciona com sentido prejurativo o malabarismo com actividades típicas de um "palhaço",sem tomar em consideração que se trata de um contexto de actividades de muita complexidade e que para a sua aprendizagem, requer muitas horas de treinos.

O MALABARISMO é uma técnica muito abrangente, trabalha a concentração, atenção, lateralidade, coordenação motora, respiração, reflexos, etc… podendo ser associada a diversas técnicas terapêuticas com o objetivo de trabalhar diferentes áreas do organismo de forma lúdica.Aprendendo algumas das técnicas do malabarismo pode ser criado mais uma opção no tratamento de diferentes patologias e no desenvolvimento global do homem.


Efeitos terapêuticos - não só para doentes


"A maioria pode entender que uma "cascata" (truque do malabarismo) sendo muito bem feita tem efeitos relaxantes sobre a respiração. Até o espectador relaxa em observar alguns exercícios (mesmo que sejam surpreendentemente difíceis).

Ao observar o iniciante, o efeito relaxante já não é o mesmo. As bolas voam muito altas sobre a cabeça, os movimentos não são uniformes, os pulsos estão tensos e os ante braços muito altos. A cabeça e os olhos estão fixados e a nuca fica tensa. As bolas voam na frente do corpo, as costas permanecem tensas e, com o movimento de apanhar as bolas, ainda mais forçadas. A respiração é curta, as pernas são usadas somente para apanhar as bolas. Horas a fio, esses movimentos são repetidos e os malabaristas tornam-se inquietos com este movimento interno. Depois de algum tempo, os movimentos se equilibram e a respiração torna-se mais tranqüila e profunda.

Para o aprendiz é preciso muita força de vontade, pois a tensão só termina quando ele entra no ritmo. O mais importante é achar o ritmo da bola. O fluir da bola e encontrar uma forma de respiração no movimento sereno ou abrupto. Isso pode ser experimentado com bolas mais pesadas. É importante sentir o peso da bola para que haja um relaxamento dos braços e ombros. Exemplo: o jogo com o diabolo - sempre deve achar uma respiração saudável dentro do movimento.

Para o trabalho terapêutico com movimento e malabarismo, a respiração é o principal. Muitos detalhes devem ser observados no trabalho com pessoas enfermas. Principalmente se essas pessoas estejam respirando saudavelmente. Para uma terapia, o objetivo não é de jogar três ou mais bolas ao ar . Dependendo da doença, leva-se meses até conseguir algum sucesso. A combinação de música (ritmo), rimas e ditados podem ajudar a ter bons resultados. Pacientes com paralisia demonstram extremos que também podem ser observados em pessoas normais como: "não pode soltar" uma bola, "não pode segurar", "não agarrar" etc... No malabarismo esse problema pode ser visto como forma de exercício. Ex.: uma bola jogada contra a parede, depois duas e três ou equilibrar e balançar uma pluma que é muito fácil e ajuda a aguçar a coordenação dos olhos e das mãos.

Muito importante também é não deixar a criança ou o paciente se esforçar demais porque as possibilidades do malabarismo estão no treino de pequenos e curtos exercícios diários. Esses pequenos passos ajudam no "aprendizado" de um modo geral. Esses pequenos exercícios ajudam a desenvolver a perseverança, ajudam a ganhar auto confiança influenciando no processo de cura do paciente. O malabarismo é importante para as crianças com dificuldades de concentração de ler e aprender. Ajuda nas doenças psíquicas, como na adolescência, na anorexia, na bulimia e na obesidade. O malabarismo introduz uma busca a respiração saudável e o ritmo. Os exercícios com as bolas e com o corpo ajudam a conscientização dos movimentos corporais e o auto conhecimento.

Outro exercício importante é o de deixar a visão transparente, vendo através dos instrumentos de malabarismo. Para treinar, basta jogar uma bola de uma mão para outra e ao mesmo tempo ler um jornal ou olhar para o parceiro em frente.

Pacientes com depressão já se animam somente em observar o movimento do Malabares no ar. Pacientes com tendências para o histerismo, é importante mostra-lo exatamente como tudo deve ser feito. A respiração deve ser harmônica, ajudando a acalmá-lo. A observação também ajuda a esses pacientes porque os movimentos e a respiração harmônicos do malabarismo relaxam .

Essas experiências com o malabarismo não têm a pretensão de dizer que o Malabares é uma receita contra todos os males . Mas alguns dos elementos dos Malabares podem ser usados nas terapias de movimento, coordenação motora. Ainda tem-se muito o que descobrir e pesquisar sobre os benefícios do malabarismo".


O malabarismo como ajuda terapêutica

"É impossível saber que impulso moveu o primeiro malabarista a praticar o Malabares. Mas pode-se saber que, de imediato, foi considerado pelo homem como algo digno de ver. Na antiga pré-história, o homem já havia inventado formas de manejar objetos chamativos e inúteis. Em algumas civilizações , estas habilidades deixaram seu rastro na mitologia e na religião. Há ritos de adivinhações na cultura indígena nos quais uma flecha é manejada pelo Xamã de uma forma complicadíssima, incluindo equilíbrio de diversos tipos antes de lançá-la para ser interpretada.
Mas é muito mais freqüente aparecer tal como conhecemos hoje em dia, como arte/entretenimento e como espetáculo. Na tumba do faraó Beni Hassan (1900 d.C.) aparece a descrição de uma boda em hieróglifos talhados na pedra das paredes. Entre os músicos e o jantar aparece uma série de desenhos de uma malabarista realizando os diversos jogos com seu repertório de bolas. Existem documentos Chineses, Egípcios, Bizantinos, Gregos e Romanos que mostram desenhos com o malabarismo.
No século V, já existia terapia com Malabares para criança epiléptica. A lista de indicações para o malabarismo foi aumentando, atualmente o Malabares é indicado para pessoas com dificuldade de aprendizado, excepcionais, deficientes físicos, alcoólatras e dependentes químicos. Até senilidade, artrites ou problemas causados por acidentes vasculares no cérebro.
Em relação aos alcoólatras, drogados e viciados em medicamentos, resultados mostram que estes pacientes quase sempre têm dificuldades na reação e coordenação motora o que pode acarretar sérios problemas. O malabarismo apresenta uma forma racional e significante de enfrentar esses problemas. A agilidade e a concentração devem ser despertadas no início com fáceis movimentos e exercícios com bolas posteriormente iniciando com o Malabares em si.
Experiências nos EUA mostram bons resultados na terapia de ocupação. Pacientes com alguma forma de paralisia reativam o lado saudável e o desenvolve. Pessoas com ferimentos cerebrais conseguiram excelentes resultados com o Malabares cruzado (exercício do malabarismo).
O malabarismo ajuda a ativar os dois lados do cérebro (o criativo e o racional)Os iniciantes usam mais o lado esquerdo, a parte analítica do cérebro. Estes seguem os movimentos das bolas com os olhos com total concentração. Os experientes com o Malabares usam o lado direito, que é o lado criativo do cérebro (as pessoas canhotas o oposto).
No inicio da terapia é importante concentrar no movimento de jogar e agarrar. No inicio, a meta é treinar os olhos observando os vôos dos objetos. Quanto mais devagar o objeto voa (por exemplo toalhas, lenços...) mais fácil é agarrá-lo, na imaginação também O cérebro comunica o trajeto do objeto, a sua posição e a sua velocidade. De modo que o cérebro se prepara para comandar os braços e as mãos no momento exato de agarrar os objetos. Com o tempo, os movimentos serão aprimorados, ganhando maior noção de tempo, espaço e velocidade. As reações motoras tornam-se mais rápidas, os músculos dos olhos são exercitados e os movimentos das mãos ficam mais seguros. Isto também é muito bom para crianças estrábicas e as que trocam letras ou que tem dificuldades com a leitura. Pessoas canhotas que foram reeducadas para escrever com a mão direita fazem confusões e apresentam dificuldades na escrita.
O malabarismo é uma escola para aprender a "ver", a "observar" e a "olhar". Sempre começando com exercícios mais leves aos poucos aumentando o grau de dificuldade."



A HISTÓRIA DO MALABARISMO

Comprovadamente, a primeira vez que realmente se teve notícia do malabares foi na tumba do faraó Beni-Hassan, no antigo Egito, há cerca de 4000 anos atrás. Nela foram encontrados desenhos de egípcios jogando bolinhas ao ar. O mais impressionante é que um deles possuía os braços cruzados, como se estivesse fazendo o mills mess. Por muito tempo não foi mais encontrado nenhum registro sobre o malabares. Alguns pesquisadores defendem que durante esse tempo o malabares era praticado por “vagabundos” e alguns ciganos que mesclavam esta arte com acrobacia, pantomima, dança e música a fim de angariar algumas moedas para sua sobrevivência. Os países asiáticos, mais especificamente a China, também mantiveram a chama do malabares acesa nesse período, principalmente com o famoso devil stick. A próxima evidência concreta da existência do malabarismo surgiu na Grécia Antiga, entre os séculos IV e V a.C. Em sua arte, aparecem inúmeras figuras de malabaristas esculpidos em cerâmica. Acredita-se que nessa época o malabares era uma forma de recreação e a maioria de seus praticantes era do sexo feminino.A prática do malabares sofreu um boom durante o Império Romano, por volta do século II e III d.C.. Nesse período, os romanos desenvolveram uma série de manipulações com armas e escudos e o malabares era considerado uma excelente forma de recreação e foi amplamente divulgado pela arte romana através de esculturas e desenhos em paredes, além de várias referências em seus escritos. Um desses escritos cita Tagatus Ursus (53 -117 d.C.) como o primeiro malabarista a jogar com bolas de vidro. O malabares ainda era mesclado com outras artes, até que começam a surgir grupos como, por exemplo, o Ventilatores, que executavam números de malabares com facas e os Pilarii que jogavam malabares com bolinhas. Muitas lendas surgiram, como a do Malabarista de Notre Dame. Reza a lenda que um malabarista de rua, cansado de dias difíceis, resolveu entrar para o monastério. Um dia, sozinho na Capela, notou a tristeza no semblante da Virgem Maria e resolveu tentar animá-la fazendo alguns truques de malabares. Neste momento o Irmão Superior adentrou a Capela e ao ver a cena, enfureceu-se de tal forma, que resolveu expulsar o pobre malabarista da congregação. Ocorre que, quando olhou para a Virgem Maria, notou que a mesma sorria. Com isso, não só desistiu de expulsar o malabarista, como ordenou que todos os demais praticassem malabares na capela todos os dias. Após o declínio do Império Romano, por volta de 476 d.C., o malabares caiu em desgraça. Com o início da Idade Média, que durou do século V ao XV, os malabaristas passaram a ser mal vistos e apenas as classes mais baixas continuaram praticando como forma de recreação e por volta do século XIII, alguns malabaristas chegaram a ser acusados de heresia e bruxaria pela Inquisição. Mesmo assim, durante essa época, inúmeras pinturas religiosas e ilustrações bíblicas apresentavam malabaristas. Aliás, a partir do fim da Idade Média (1453), o malabares passou a ser muito vinculado a cultos e cerimônias religiosas. Nesse período foram encontrados muitos documentos que comprovavam que os Astecas eram excelentes antipodistas (malabarismo com as pernas) e que os índios americanos eram exímios malabaristas. Até os dias de hoje, em algumas tribos, o malabares é praticado apenas pelo shaman. Entre 1400 e 1500 algumas claras referências sobre o malabares aparecem na nossa história. O poeta Pierre de Gringoire (1475 - 1538) desenvolveu a obra King of Jugglers (Rei dos Malabaristas) e em 1528 o imperador de Hindustan, descreve em seu diário um grupo de pessoas que faziam malabares com argolas de madeira. A partir de então, o malabares saiu dos guetos e firmou-se em toda a sociedade. Por volta de 1680 o Conselho da cidade de Nuremberg, na Alemanha, desenvolveu um projeto com um grupo denominado Ball-Master que não só demonstrava as suas habilidades, mas também ensinava aos jovens a arte do malabares e da corda bamba. Muitos artistas foram formados por este projeto. No começo do séc. XIX, o malabares começou a desenvolver-se cada vez mais e o Circo passou a ser a forma mais popular de entretenimento. O Circo, que no princípio possuía números apenas com cavalos, passou a buscar outras atrações e encontrou nos saltimbancos, que se apresentavam em praças com o malabares e outras artes, uma grande atração. Ao longo da história, surgiram muitos malabaristas que desenvolveram e multiplicaram suas técnicas e contribuíram para que esta arte chegasse ao patamar que se encontra hoje.